No
desenvolvimento de uma criança, é necessário e importante a
estimulação externa, principalmente dos pais, preparando-a na
identificação dos sons, das imagens, das diferentes texturas de
objetos, os cheiros, visando a independência social.
Em
princípio, os bebês ouvem e reproduzem os sons e as palavras, que
ocorrem dentro do núcleo familiar e posteriormente no ambiente
externo. O seu cérebro processa, identifica e codifica as diversas
palavras, sons masculinos, femininos, os sons de diversos animais,
agudos e graves, etc. As primeiras palavras iniciam a ser
pronunciadas por volta de 11 meses, como “mamãe”, “papai”.
As
crianças que nascem surdas, como fica? Pararam para pensar a
situação dessa criança no contexto familiar e social? De fato, é
um choque para a família ao receber a noticia que o bebê nasceu com
algum comprometimento auditivo e atravessa períodos difíceis,
principalmente emocionais. Muitas vezes, as famílias ficam
desestruturadas. Se for bem orientada por um profissional da área da
saúde, a família procurará recursos que poderá ajudar a criança
no seu desenvolvimento de sua capacidade máxima, segundo a
Declaração de Salamanca, de 1994. Sem dúvida nenhuma, que os
genitores, após da aceitação do filho com deficiência, ficam
preocupados com a aceitação social e independência financeira no
futuro dele.
É
importante que os pais procurem o foco no filho e não na
deficiência, e se houver rejeição, não conseguem
amá-lo, deste modo atrasa o desenvolvimento da criança. Na maioria dos
casos, escondem da sociedade, colocam a criança em uma escola
especial, tratando-a como incapacitada. O preconceito atinge em todas
as camadas sociais em relação as pessoas com deficiência, fruto
de desconhecimento das possibilidades e recursos para ajudá-las no
seu desenvolvimento visando a interação social e posteriormente,
profissional, afetiva, etc.
“A
deficiência auditiva é entendida como um tipo de privação
sensorial, cujo sintoma comum é uma reação anormal diante do
estimulo sonoro” (Gagliardi & Barella, 1986 apud Britto e
Dessen, 1999). A classificação varia de acordo com o grau de perda
e a intensidade.
Mais que
óbvio que a interação social se dá por meio da comunicação, um
fator importantíssimo do contato da criança com deficiência
auditiva com o mundo, um fato crucial para a adaptação e
sobrevivência, a qual as pessoas trocam ideias, opinam, informam,
interpretam, etc. A falta de estímulos sensoriais provoca o
isolamento do sujeito com deficiência auditiva da comunidade em que
vive e dificulta a compreensão aos fatos que ocorrem ao redor dela.
Quando
mais cedo descobrir a surdez do bebê, melhores serão as chances de
ele desenvolver a linguagem verbal que facilitará a evolução
linguística mais tarde. O nível dessa linguagem é equivalente a
uma criança ouvinte. E terá uma boa interação na sociedade
propiciando uma vida ativa, participativa e independente.
Segundo
Sacks, em seu livro “Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos”:
“Pode-se debater se a surdez é ou não preferível à cegueira
quando adquirida não muito cedo na vida; mas nascer surdo é
infinitivamente mais grave do que nascer cego pelo menos de forma
potencial. Isso porque os que tem surdez pré-linguística, incapazes
de ouvir seus pais, correm o risco de ficar seriamente atrasados,
quando não permanentemente deficientes, na compreensão da língua...
E ser deficiente na linguagem, para um ser humano é uma das
calamidades mais terríveis, porque é apenas por meio da língua que
entramos plenamente em nosso estado e cultura humanos, que nos
comunicamos livremente como nossos semelhantes, adquirimos e
compartilhamos informações...E de fato, podemos ser tão pouco
capazes de realizar nossas capacidades intelectuais que parecemos
deficientes intelectuais.” (p. 22). De fato!
A
criança com deficiência auditiva, quando não estimulada, tem os
seus direitos negados pelos seus pais, família e ou sociedade, acaba
sendo identificada como deficiente mental.
Muito
triste essa realidade que podemos encontrar casos assim!
Se vocês
depararem crianças com deficiência auditiva, encarem-nas como
pessoas e se puderem, ajudem os pais na orientação do
desenvolvimento delas. Você fará um bem a elas construindo um futuro feliz e repleto de realizações. Afinal, todos temos sonhos na vida, não é?
Referências
Bibliográficas
1.
Brito, A M. W. De; Dessen M. A . Crianças surdas e suas
famílias: um panorama geral, Psicol. Reflex. Crit. V12 n.2;
Porto Alegre, 1999.
2.Stampa,
M. Aprendizagem e
desenvolvimento das habilidades auditivas: entendendo e praticando
na sala de aula. Rio de
Janeiro: Wack Editora, 2012.
3. Sacks,
O. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São
Paulo: Companhia das Letras, 1998.