Bem vindos!

Com a crescente divulgação sobre a acessibilidade de pessoas com deficiência, observa-se que não está clara a definição daquelas com deficiência auditiva. Aparentemente, está no inconsciente coletivo que todo surdo/deficiente auditivo comunica-se apenas por libras (Lingua brasileira de sinais), o que não é verdade. Surgiu a necessidade da criação desse blog para esclarecer sobre essa minoria "esquecida": os deficientes auditivos oralizados.
Nesse blog, vocês estarão desfrutando as informações sobre vários assuntos relacionados a deficiência auditiva, seja em artigos, comentários entre outros.
Convido vocês, ouvintes e deficientes auditivos, desfrutem das informações aqui postadas para seu enriquecimento social e profissional. Vocês encontrarão espaço para os comentários e perguntas, gostaríamos de contar com a sua participação voluntária, visando a troca de informações e conhecimentos, buscando uma melhor qualidade de vida.
As informações coletadas são importantes para desmitificar a sociedade em relação as pessoas com deficiência auditiva (DA), que aparentemente, tem o prejuízo de sua inclusão social, em função da comunicação, que é importante para as relações interpessoais e intrapessoais.
Levanta-se uma hipótese que a maioria dos indivíduos considera todos os deficientes auditivos iguais, ou seja, generaliza que todos os DA's “não entendem” o que está sendo verbalizado ou escrito, sem mencionar da falta de paciência, palavra, aparentemente, inexistente no vocabulário dos tempos atuais para com esse público.
A qualidade de comunicação entre a sociedade e as pessoas com deficiência auditiva é de suma importância visando a inserção e interação das pessoas com deficiência auditiva no contexto social.
“As únicas limitações reais que as crianças tem são aquelas que lhes são impostas. Assim, as limitações são criadas mais pela família e pela sociedade do que a própria deficiência”. (BUSCAGLIA, 2002). – É o que as pessoas com deficiência auditiva presenciam e sentem no dia a dia, seja com os familiares e com a sociedade. A maioria deles usa os recursos da leitura labial, aprendida e aperfeiçoada no decorrer dos anos e da leitura facial que identificam e codificam os sentimentos e as emoções dos indivíduos, sejam elas positivas ou
negativas, os quais promovem a interação social.
Boa leitura!

02 junho, 2013

Atendimento médico e os deficientes auditivos



Em 2013, ao ser atendida por um médico clinico geral, na empresa onde trabalhei para o exame periódico. No início estava ocorrendo bem, mas quando eu não entendia as perguntas dele, pois estava falando baixo, com má vontade e de costas (fiquei imaginando se ele gosta do seu serviço, pela conduta, aparentemente, não gosta!), ao denunciar que sou uma pessoa com deficiência auditiva, a atitude deste médico mudou! Que impressionante! Notei que ele não se deu o trabalho de ler o prontuário se eu sou uma pessoa com deficiência auditiva, recordo-me que eu assinei um termo assumindo essa definição para apresentação ao ministério do trabalho que eu estou dentro da cota exigida de acordo com a lei. Fiquei pasma com a falta de leitura e preparação desse profissional.

Durante o exame, ele ficou em silêncio e apenas comunicava comigo com as mãos (Não era LIBRAS) os gestos usados como levantar, está muito bom (levantando o polegar para cima), etc, notei o quando essa figura está desatualizado acerca das pessoas com deficiência auditiva. Não discuti nada com ele, não é por medo, é porque eu sei que as respostas desses médicos são de extrema arrogância e sem sentimentos (foi por meio da educação acadêmica que aprenderam a não terem sentimentos com os pacientes), além de detestarem ser confrontados por pacientes.

Existem pessoas com deficiência auditiva que são oralizadas, com persistência, adquiriram a língua materna e possuem a compreensão verbal e escrita que se igualam com a maioria da população brasileira e existem os sinalizados que somente comunicam-se por libras. Porque um tratamento ridículo e desumano a esse público? Com esse tipo de atendimento, melhor nem chamar esses profissionais de doutor, pois não faz jus a esse título, já que atendem mal as pessoas.

Diferentemente quando sou atendida por um médico otorrino, que se comunica normalmente comigo, respondendo as minhas dúvidas com naturalidade. Eu conheci profissionais incríveis, humanos e maravilhosos (são poucos e olhe lá!) os quais reciclam constantemente visando o exercício profissional com competência. Os otorrinos ficam, aparentemente, fascinados por deficientes auditivos que falam a língua nativa e que possuem a compreensão verbal e escrita.

Certa noite, fui atendida por uma médica ortopedista no pronto atendimento. Recordo-me que ela comentou para mim que ficou preocupada em como atender uma pessoa com deficiência auditiva, porque leu o prontuário da ocorrência médica, ficou imaginando que eu apenas comunicaria por Libras e não tinha um intérprete naquela noite. Sorte dela! E se não tivesse, como ficaria?

Esses relatos acima, observamos que a maioria dos médicos não reciclam seus conhecimentos e nem tampouco preocupam-se em aprender LIBRAS. E se tivesse um paciente que não tivesse familiares para ajudar na interpretação e na comunicação? Esses profissionais da saúde, creio que sabem que todo atendimento é uma caixa de surpresa, pois recebe pessoas de diferentes problemas, religiões, raça, com deficiência ou não.

Porque aderir ao mais fácil do que enfrentar um obstáculo que poderia alavancar o crescimento profissional? Certo de que as mudanças provocam sofrimento, mas é necessária para a humanização no atendimento e no trato com as pessoas.

Sucesso a todos!

12 maio, 2013

As mães e filhos com deficiência


Em minha experiência profissional como psicóloga voluntária, em instituições e hospitais, eu deparei com as mães que tem filhos com deficiência e nos seus cuidados e amor para com eles.
Existem os extremos, há mães que se preocupam com eles e até sonham para que estes tenham uma vida normal, porque sabem que um dia elas não estarão mais no planeta Terra e até superprotegem-nos. E outras, rejeitam as crianças com deficiência porque acham que dá muito trabalho. A meu ver estas últimas ainda não aprenderam a lição de amor, resignação e paciência, enquanto não souberem ter, o universo vai cobrar. Em ambos casos, atrapalha no desenvolvimento da capacidade máxima dessas crianças, de um lado, a superproteção não propicia a criança com deficiência descobrir as suas potencialidades, habilidades e capacidades para ter uma vida independente e de outro, a negligência caracterizada como falta de apoio, carinho, afeto e amor, deturpa no desenvolvimento do indivíduo com deficiência.
Filho é para sempre, dá trabalho, mas porque as mães tiveram filhos e que depois não querem educar e nem importar-se com eles, ou simplesmente deixam nas mãos de babás? Tiveram uma escolha: o de ser mãe e não existe ex-filho! Se não tem capacidade de cuidar por “n” razões e/ou nem condições financeiras (há casos que possuem condições financeiras e nem querem saber que esses filhos existem!), encaminhar para adoção, quem sabe o destino da criança é estar em uma família que possa dar uma vida de harmonia e amor. Lamentável que as adoções demoram muito para acontecer, já ouvi casos de há anos que as instituições nem deram resposta jurídica aos pais adotantes que poderiam ficar com a criança! Alguma solução deve ter!
No ventre, já nas primeiras multiplicações celulares para transformarem em feto, estes já sentem as emoções das mães, se elas amam-no ou não. Daí justifica-se para as relações familiares harmoniosas ou perturbadas. Nem preciso dizer que as consequências serão por conta das escolhas feitas pelas mães que nortearão o futuro das crianças com deficiência.
Contudo, ser mãe é uma escolha de responsabilidade, abnegação, amor incondicional (como dizia Chico Xavier: “O AMOR NÃO PRENDE, LIBERTA! AME PORQUE ISSO FAZ BEM A VOCÊ, NÃO POR ESPERAR ALGO EM TROCA. CRIAR EXPECTATIVAS DEMAIS PODE GERAR DECEPÇÕES. QUEM AMA DE VERDADE, SEM APEGO, SEM COBRANÇAS, CONQUISTA O CARINHO VERDADEIRO DAS PESSOAS”),  companheirismo, apoio emocional independente das circunstâncias, estar presente nas horas boas e ruins, dar exemplos (principal responsabilidade) de valores morais e espirituais, propiciar estímulos sensoriais (auditivas, olfativas, visuais, táteis e sinestésicas) ajudando-o no desenvolvimento e acima de tudo, deixar o filho fazer as escolhas na vida, pois cada um tem uma missão na terra e as experiências são unicamente dele. A partir destas, é que ele poderá optar o entre o bem e o mal, o universo reagirá de acordo com essa opção do filho, seja ele com deficiência ou não.
Feliz dia das mães!

06 maio, 2013

Falta de perspectiva de crescimento de carreira às pessoas com deficiência

Impressionante como a ignorância perpetua nas relações de trabalho entre a liderança e os colaboradores com deficiência!
Pela minha experiência, ainda os colegas e a liderança acham que eu não tenho a capacidade de executar tarefas, por uma simples ignorância imaginando que eu não entendo nos que é dito ou explicado. Tal fato por eu ser uma pessoa com deficiência auditiva oralizada, amante da língua portuguesa e indignada da falta de coerência e boa vontade das pessoas em saber diferenciar os surdos oralizados que usam a língua portuguesa como nativa dos surdos sinalizados que falam LIBRAS. O que diferencia entre eles? A língua portuguesa possui aproximadamente 500 mil verbetes contra os aproximadamente 10 mil da LIBRAS. Uma diferença gritante de aproximadamente 490 mil verbetes!!!! Perceberam?
Pois bem, eu aprendi um pouco LIBRAS, por curiosidade e também para entender o processo cognitivo dos surdos sinalizados, pude notar que essa língua, que é um direito desse grupo em comunicar com o mundo, a maioria das frases são decorrentes de ação, claro que existem adjetivos, substantivos comuns entre outros. Exemplo: Fui na casa de meu amigo, fui na escola e viajei de trem, sol quente, etc. Mais que óbvio que há vocábulos que os sinalizados desconhecem e aparentemente, a comunicação é fácil entre eles, mas difícil com os demais.
Trabalhei em uma multinacional, fui "convidada" por uma área de remuneração executiva e fiquei contente, por entender que meu trabalho está sendo reconhecido. Imaginei que seriam tarefas que poderiam desenvolver a minha parte intelectual, porém, para minha decepção, me designaram uma tarefa tipicamente operacional: digitalizar documentos. Pasmem! Eu, com duas pós graduações, digitalizando documentos! Tudo bem, eu aprendo com prazer para minhas futuras compras de equipamentos eletrônicos mais sofisticados, assim fico por dentro da tecnologia!
Então, o mercado continua sendo relutante em designar tarefas de média e alta complexidade para as pessoas com deficiência, tudo por preconceito e da falta de interesse em explorar as potencialidades, capacidades e habilidades da pessoa com deficiência. Umas das hipóteses é o preconceito enraizado na cultura brasileira que vem de longa data (O livro “1808” retrata isso) e outra é o assédio moral silenciosa que dificulta a pessoa com deficiência provar que houve atos que prejudiquem a estima e o desenvolvimento na carreira.
Tal fato, o mercado está repleto de corporações que abrem vagas operacionais com baixos salários e muitas vezes, até a metade do valor percebido dos pares não deficientes que exercem o mesmo cargo. Observo que existe uma minoria de deficientes que possuem graduação, pós graduação e doutorado, os quais são qualificados, podem muito bem ser aproveitados no mercado de trabalho, recebendo bons salários e benefícios, contribuir às empresas promovendo o sucesso do negócio e crescimento. Deste modo, minimiza o sufoco do preenchimento de cotas.
Para reter esse pessoal que, aparentemente, trocam de empresa com certa frequência, é necessário um plano de desenvolvimento profissional, uma vez que os profissionais com deficiência não querem ser apenas um preenchimento de cotas e sim, crescer na carreira. É o que eu ouço com periodicidade.  Além, ter eliminado as atitudes preconceituosas em relação a esse público e das barreiras arquitetônicas que facilitem a locomoção. Isso é a verdadeira inclusão.
Reflitam, é uma realidade. Ela pode ser mudada e para isso ser concretizado, são necessárias mudanças atitudinais de todos os envolvidos nas corporações e da sociedade em relação às pessoas com deficiência.