Em 2013, ao ser atendida por um
médico clinico geral, na empresa onde trabalhei para o exame periódico. No início
estava ocorrendo bem, mas quando eu não entendia as perguntas dele, pois estava
falando baixo, com má vontade e de costas (fiquei imaginando se ele gosta do
seu serviço, pela conduta, aparentemente, não gosta!), ao denunciar que sou uma
pessoa com deficiência auditiva, a atitude deste médico mudou! Que
impressionante! Notei que ele não se deu o trabalho de ler o prontuário se eu
sou uma pessoa com deficiência auditiva, recordo-me que eu assinei um termo
assumindo essa definição para apresentação ao ministério do trabalho que eu estou
dentro da cota exigida de acordo com a lei. Fiquei pasma com a falta de leitura
e preparação desse profissional.
Durante o exame, ele ficou em
silêncio e apenas comunicava comigo com as mãos (Não era LIBRAS) os gestos usados
como levantar, está muito bom (levantando o polegar para cima), etc, notei o
quando essa figura está desatualizado acerca das pessoas com deficiência
auditiva. Não discuti nada com ele, não é por medo, é porque eu sei que as
respostas desses médicos são de extrema arrogância e sem sentimentos (foi por
meio da educação acadêmica que aprenderam a não terem sentimentos com os
pacientes), além de detestarem ser confrontados por pacientes.
Existem pessoas com deficiência
auditiva que são oralizadas, com persistência, adquiriram a língua materna e
possuem a compreensão verbal e escrita que se igualam com a maioria da
população brasileira e existem os sinalizados que somente comunicam-se por libras.
Porque um tratamento ridículo e desumano a esse público? Com esse tipo de
atendimento, melhor nem chamar esses profissionais de doutor, pois não faz jus
a esse título, já que atendem mal as pessoas.
Diferentemente quando sou atendida
por um médico otorrino, que se comunica normalmente comigo, respondendo as
minhas dúvidas com naturalidade. Eu conheci profissionais incríveis, humanos e
maravilhosos (são poucos e olhe lá!) os quais reciclam constantemente visando o
exercício profissional com competência. Os otorrinos ficam, aparentemente,
fascinados por deficientes auditivos que falam a língua nativa e que possuem a
compreensão verbal e escrita.
Certa noite, fui atendida por uma
médica ortopedista no pronto atendimento. Recordo-me que ela comentou para mim
que ficou preocupada em como atender uma pessoa com deficiência auditiva, porque
leu o prontuário da ocorrência médica, ficou imaginando que eu apenas
comunicaria por Libras e não tinha um intérprete naquela noite. Sorte dela! E
se não tivesse, como ficaria?
Esses relatos acima, observamos que
a maioria dos médicos não reciclam seus conhecimentos e nem tampouco
preocupam-se em aprender LIBRAS. E se tivesse um paciente que não tivesse
familiares para ajudar na interpretação e na comunicação? Esses profissionais
da saúde, creio que sabem que todo atendimento é uma caixa de surpresa, pois recebe
pessoas de diferentes problemas, religiões, raça, com deficiência ou não.
Porque aderir ao mais fácil do que
enfrentar um obstáculo que poderia alavancar o crescimento profissional? Certo de
que as mudanças provocam sofrimento, mas é necessária para a humanização no
atendimento e no trato com as pessoas.
Sucesso a todos!