Bem vindos!

Com a crescente divulgação sobre a acessibilidade de pessoas com deficiência, observa-se que não está clara a definição daquelas com deficiência auditiva. Aparentemente, está no inconsciente coletivo que todo surdo/deficiente auditivo comunica-se apenas por libras (Lingua brasileira de sinais), o que não é verdade. Surgiu a necessidade da criação desse blog para esclarecer sobre essa minoria "esquecida": os deficientes auditivos oralizados.
Nesse blog, vocês estarão desfrutando as informações sobre vários assuntos relacionados a deficiência auditiva, seja em artigos, comentários entre outros.
Convido vocês, ouvintes e deficientes auditivos, desfrutem das informações aqui postadas para seu enriquecimento social e profissional. Vocês encontrarão espaço para os comentários e perguntas, gostaríamos de contar com a sua participação voluntária, visando a troca de informações e conhecimentos, buscando uma melhor qualidade de vida.
As informações coletadas são importantes para desmitificar a sociedade em relação as pessoas com deficiência auditiva (DA), que aparentemente, tem o prejuízo de sua inclusão social, em função da comunicação, que é importante para as relações interpessoais e intrapessoais.
Levanta-se uma hipótese que a maioria dos indivíduos considera todos os deficientes auditivos iguais, ou seja, generaliza que todos os DA's “não entendem” o que está sendo verbalizado ou escrito, sem mencionar da falta de paciência, palavra, aparentemente, inexistente no vocabulário dos tempos atuais para com esse público.
A qualidade de comunicação entre a sociedade e as pessoas com deficiência auditiva é de suma importância visando a inserção e interação das pessoas com deficiência auditiva no contexto social.
“As únicas limitações reais que as crianças tem são aquelas que lhes são impostas. Assim, as limitações são criadas mais pela família e pela sociedade do que a própria deficiência”. (BUSCAGLIA, 2002). – É o que as pessoas com deficiência auditiva presenciam e sentem no dia a dia, seja com os familiares e com a sociedade. A maioria deles usa os recursos da leitura labial, aprendida e aperfeiçoada no decorrer dos anos e da leitura facial que identificam e codificam os sentimentos e as emoções dos indivíduos, sejam elas positivas ou
negativas, os quais promovem a interação social.
Boa leitura!

23 abril, 2017

Comunicação: Língua Portuguesa X Libras




Certo dia, uma colega da área administrativa que também é deficiente auditiva e oralizada veio me contar que os nossos pares não oralizados, os quais comunicam por libras, perguntou a ela o motivo de não aprender libras e poderia usar essa língua caso o aparelho auditivo quebrasse. O que uma coisa tem a ver com a outra?
As duas línguas são distintas, sendo que a portuguesa tem aproximadamente 500 mil palavras e a libras tem mais ou menos 10 mil, é uma diferença gritante. Ambas possuem estruturas gramaticais diferentes.
Por certo que a língua portuguesa é complexa quanto na gramática como no número de verbetes. Ficou uma dúvida no ar: porque alguns deficientes auditivos conseguiram vencer a barreira linguística adotando-a como nativa e outros, não?
Certa vez, voltei ao Centro Suvag, na cidade de São Paulo, uma instituição voltada à oralização dos deficientes auditivos, para lembrar como foi o meu aprendizado na língua portuguesa. Em conversa com a diretora da instituição, que por sinal fundou-a, na década de 60, por ter um filho DA que é oralizado, esta comentou que os próprios DA’s criam barreiras na língua portuguesa e migram para o aprendizado em Libras, que segundo os alunos falam que é “mais fácil”. Fiquei pensativa.
Analisei não só o contexto dos DA’s, mas sim da sociedade, a qual quer tudo pronto e estamos na era dos botões, aparentemente, fabricando diversas preguiças de: andar, abrir e fechar janelas dos carros, subir ou descer escadas, refletir, pensar, entre outros. Que talvez influi no esforço de pensar e raciocinar a gramática da língua portuguesa dos DA’s. Será? Ou tem fatores emocionais que carregam os preconceitos que a família e a sociedade, aparentemente, impõem nos DA’s? Interessante ter estudos e pesquisas a respeito, caso não houver.
Ora, eu aprendi a língua portuguesa e por certo, tive imensas dificuldades que foram solucionadas com a ajuda de uma maravilhosa fonoaudióloga que me auxiliou na interpretação de textos e de perguntas, além do treinamento de ditados, pois na época, eu tinha na escola.
A partir do ensino médio, eu passei a acreditar nas minhas habilidades, potencialidades e capacidades, não importando os preconceitos enfrentados ao longo da jornada terrena. Muitas pessoas acham que somos estrangeiros ou nos olham que somos ET’s. Quem não garante que viemos de lá?
Tive “anjos terráqueos” que foram empáticos diante as minhas dificuldades e que me encorajaram seguir em frente. Agradeço a eles por existirem ao longo da vida e os abençoo.
Para manter a compreensão auditiva, escrita e verbal da língua portuguesa requer treinos diários com a leitura de livros (interpretar e escrever) e escutar assuntos de interesse pessoal para ativar e acostumar o cérebro onde localiza a área da audição.
Disciplina é a palavra a definir para esses treinos diários e dependerá da escolha individual de alcançar a independência, a autonomia e ser feliz.
Quanto aos DA’s que optarem libras como língua nativa, é um direito de escolha e ser feliz também, com uma ressalva: interessante respeitar diversos tipos de DA’s, pois cada um tem um livre arbítrio de acordo com as possibilidades e crenças, visando no crescimento pessoal, profissional, esportivo, afetivo, familiar e espiritual.
Deficientes auditivos ou não, amem-se, aceitem-se e acreditem em seus potenciais, habilidades e capacidades, enfrentem a realidade, adquiram conhecimentos, leiam, estudem bastante que o porvir está a sua frente num “piscar de olhos”. É só uma sugestão.
Paz no mundo!

01 abril, 2017

Sonhos e esperanças...


"Seus sonhos e esperanças são muito mais poderosos do que suas dúvidas e medos" (Gold, 2004, p. 52).
Vamos juntos pensar...
Quem é dono da sua vida?
Quem define a sua vida?
Quais são as suas crenças?
Quem somos nós?
Qual é a nossa missão?
Para onde vamos?
São perguntas que devemos refletir e olharmos para dentro para definir se vale a pena ir atrás dos sonhos e esperanças se você “ouve” e sente no seu coração.
Jung dizia uma frase: “Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta”.
Porque devemos despertar? Para que os nossos sonhos possam ser realizados em prol da nossa missão e da evolução espiritual e sermos felizes.
Qual a finalidade de ter termos medo e dúvidas?
Quem quer ser feliz, então, crie a sua realidade.
Passado, presente e futuro são uma coisa só. Criaram essas palavras, aparentemente, para nos “controlar”, passado não existe (porque precisamos sofrer por algo que já foi?, a não ser uma situação inacabada que necessita ser resolvida e é interessante ter ajuda de um psicólogo), o presente é o seu futuro a ser criado e o futuro, não existe e nem chegou. Importante é viver no presente e saber escolher o que quer para a sua vida.
Vamos escolher um tempo livre para fazer essas reflexões? Interessante que não tenha compromissos, desligue seus telefones, ficar sozinho sem interrupções e pensar. Tudo depende de você.

Sucesso! 

Qualidade na comunicação




Nos tempos atuais, a qualidade na comunicação deixa a desejar. “Tempo é dinheiro”, isso deve ser uma loucura...
A sociedade brasileira não tem paciência, uma palavra que não existe na vida de cada um, porque ela é imediatista, consumista e individualista. Não é a toa que Freud escreveu um artigo, em 1930, sob o titulo “Mal estar na civilização”, vol. XXI: “É impossível fugir à impressão de que as pessoas comumente empregam falsos padrões de avaliação — isto é, de que buscam poder, sucesso e riqueza para elas mesmas e os admiram nos outros, subestimando tudo aquilo que verdadeiramente tem valor na vida..... Existem certos homens que não contam com a admiração de seus contemporâneos, embora a grandeza deles repouse em atributos e realizações completamente estranhos aos objetivos e aos ideais da multidão. Facilmente, poder-se-ia ficar inclinado a supor que, no final das contas, apenas uma minoria aprecia esses grandes homens, ao passo que a maioria pouco se importa com eles”.

Incrível, não é? Esse pai da psicanálise escreveu em 1930!!!

A pressa faz com que as pessoas não entendam o que foi combinado, seja falado ou escrito, estragando muitos negócios, relacionamentos, encontros, etc.

O que falam muito rápido, então, é bom tomar muito cuidado, pois a maioria das pessoas não “entendem” nem a metade do que foi dito, apenas selecionam as palavras chaves para poder dar a continuidade na conversação. Conheci um profissional da área de educação física, ele se queixou que as pessoas não estavam o entendendo. Como tenho a experiência da leitura labial, identifiquei o problema e ele não articulava bem as palavras e que “engolia” algumas sílabas, por exemplo, se pronunciasse “explicação”, ele não articulava “plica”, ou seja, encurtava as palavras, as pessoas ouviam “exção”, daí a dificuldade da comunicação. Após a identificação, apresentou melhorias, foi bom para ele.

Certa noite, liguei para uma autoescola, que se diz especialista para pessoas com deficiência (como assim?!?), para obter a informação sobre a isenção de IPVA para deficientes auditivos. Durante a conversa, por telefone, percebi que cada pergunta que eu fazia, a pessoa me interrompia, o que me deixava mais desconfortável e irritada, mais que óbvio, né? Quem gosta disto? De fato, ela notou a minha irritação e me disse: “Você está brava comigo!”.

De minha memória, em um segundo, veio uma lembrança que a sociedade acaba, aparentemente, generalizando de acordo com as suas experiências e vivências da vida, transporta para o outro como forma de defesa. Retruquei assim: “Eu peço por gentileza de me ouvir até o fim, você está generalizando que os deficientes auditivos são bravos, isso com base de sua experiência. O que eu observo é que você não sabe se comunicar com as outras pessoas, porque aqui por telefone, você só interrompe as perguntas que eu faço achando que sabe tudo, o que não é verdade. Você tem que aprender a ouvir as pessoas para depois responder com qualidade ou é mentira que estou falando?”. De fato, a mulher ficou muda no outro lado da linha, pareceu que levou um choque, porque fui espontânea e direta. Despedi-a agradecendo pelas informações recebidas.

Então, para que serve dois ouvidos? Servem para ouvir e saber escutar, interpretando de maneira correta e com qualidade o que o emissor está comunicando. É interessante que o receptor, repita o que entendeu para certificar o entendimento.

Melhor deixar a pressa de lado, por que assim, teremos uma comunicação com qualidade. Então?
Vamos melhorar a nossa comunicação?

Mais uma vez: o mercado de trabalho e as pessoas com deficiência.


Estamos em 2017, foi atualizada, com revisão feita pela deputada federal Mara Gabrilli, que é tetraplégica e representa os milhões de pessoas com deficiência, no Brasil. Segue o link: http://maragabrilli.com.br/legislacao/.
Assim mesmo, o mercado de trabalho continua contratando para preenchimento de cotas e não possuem plano de desenvolvimento. Pior: oferecem atividades laborais aquém da capacidade, habilidade e potencialidade em relação à formação desse individuo com deficiência. São raras empresas que dão oportunidade para eles de acordo com a graduação escolhida para o exercício de suas atividades laborais que escolheu para atuar com prazer.
Não é desagradável trabalhar em uma coisa que não gosta, ou em uma empresa onde existem pessoas preconceituosas, ou em empresa que não valoriza pessoas com deficiência não dando oportunidade de carreira, ou com um chefe insuportável ou psicopata? Pois é....
Tudo começa com os treinamentos promovido pela área de recursos humanos para esclarecer quem são as pessoas com deficiência e as suas habilidades e como interagir com elas, minimizando os mitos sobre eles e os preconceitos culturais e comportamentais. Assim como, a meu ver, é a área quem deve solucionar e promover mudanças comportamentais nas relações laborais entre as pessoas com deficiência e os colaboradores, a começar pelas lideranças.
Os que nasceram com deficiência, na vida adulta já possuem outras habilidades para compensar aquele órgão sensorial ou membros paralisados ou amputados que aplicam com eficácia e os que nasceram pessoas ditas “normais” e que ficaram com algum tipo de deficiência, com reabilitação, em ambos casos, podem ser perfeitamente aproveitados em atividades laborais os quais se identificam e que gostam de executar com qualidade e prazer.
Já ouvi e continuo ouvindo pessoas com deficiência insatisfeitos em suas atividades laborais, porém eu sempre os recomendo a aprender essas atividades por ser um ponto favorável que poderá encontrar um trabalho melhor e com média e alta complexidade, além de ganhar um salário adequado de acordo com esse nível de dificuldade.  
Se estão insatisfeitos, porque não criam um movimento para ir a um lugar melhor? Porque essa acomodação e zona de conforto?
Sem dúvida nenhuma que a situação nova pode ser “conflitante”, porém é favorável para conhecer novas pessoas, adquirir novas habilidades, conhecer novas realidades, conquistar novas felicidades e entre outras novas... E quem perde é a empresa onde tem esse colaborador com deficiência por não promover e reter talentos.