Tirei um trecho extraído de uma pesquisa sob o título “Nem toda pessoa cega lê em Braille nem toda pessoa surda se comunica em língua de sinais” realizada por um grupo de pesquisa em Acessibilidade e Tecnologias do Laboratório de Experimentação Remota - RexLab/UFSC da Universidade Federal de Santa Catarina, que achei interessante: “São considerados como surdos oralizados aqueles que desenvolveram mais habilidades em linguagem oral, comparativamente aos não oralizados, cujas habilidades verbais são quantitativa e qualitativamente inferiores. A denominação “não oralizado” não é considerada muito precisa para a referência aos sujeitos, porque ser “não oralizado” não equivale à mudez, nem significa que o sujeito surdo não foi exposto ao trabalho de oralização, mas que apenas fala muito pouco, em geral, palavras e frases simples (Botelho, 1998). Simplificando, surdos oralizados são aqueles que usam uma língua oral, onde geralmente a língua-pátria é a sua língua materna, leem lábios, não se identificam com as manifestações da Cultura Surda e participam mais da Comunidade Ouvinte; os não oralizados usam a língua de sinais como primeira língua (essa pode ter sido ou não sua língua materna) e estão mais fortemente inseridos nos patamares linguísticosócio-cultural que permeiam a Cultura Surda". (Mazzoni A.;Mello A.; Torres E., 2005 in Educação e Pesquisa, São Paulo, v.33. n. 2, p.369-385, maio/ago. 2007).
Devido às diferenças expostas acima, os processos cognitivos entre os surdos não oralizados e os deficientes auditivos oralizados são completamente diferentes. O surdo oralizado, por exemplo, tem o processamento cognitivo igual a um ouvinte já que conhece a língua portuguesa, que possui, aproximadamente, 500 mil verbetes contra aqueles que só comunicam-se por libras, que aproximadamente tem 10 mil. É uma diferença muito significativa!
Já os surdos que só falam libras, apenas possuem as palavras que dão a conotação de ideias e que aparentemente, só tem imagens na mente para poder entender o que se passa ao seu redor e tentar se comunicar com outros. Existem surdos que aprenderam libras, querem conhecer a lingua portuguesa, não raro, questionam sobre os significados das palavras, com isso, torna a vida mais suave dentro da sociedade e podem ser independentes. Isso só depende da força de vontade, no acreditar de sua capacidade, potencialidade e habilidade, além de fazer escolhas sensatas que nortearão para o seu crescimento e amadurecimento pessoal.
A língua portuguesa não é fácil para ninguém, mas com esforço e persistência, com dedicação na leitura e escrita, é possível melhorá-la. Inclusive, é importante treinar na interpretação de texto o qual a maioria das pessoas, incuindo os deficientes auditivos, possuem dificuldade pela falta de hábito de leitura e de escrever. A facilidade da vida, tornou o ser humano, aparentemente, escravo da preguiça: não quer ler (Machado de Assis em sua obra "Póstumas de Brás Cubas" comentou que brasileiro é avesso à leitura), andar etc...Estamos em plena era dos botões. Uma pena! Contudo, as consequências serão em curto ou longo prazo no caso de atrofiamento cerebral e ou físico.
Quem tiver interesse em visitar o Museu da Língua Portuguesa, que se localiza na cidade de São Paulo, vale a pena ir! Seguem as informações no site: www.museudalinguaportuguesa.org.br/.
Nenhum comentário:
Postar um comentário